quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Geração em Saldo

A imagem “http://aeiou.visao.pt/contents/visao/a1/99/d78377a64df7a945f4a9dbc79827/07b0f1a232af46ce986bcd53ba834f3b/f3eea649f1f54eb5b68290b2c84631af.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

lê o artigo aqui

«Escolas, fábricas de precariedade do século XXI??

Como prof. do ensino secundário, é triste para mim
sentir que estou a entusiasmar alunos para estudarem,
para serem aplicados nos estudos, mas com a certeza de
que muitos, talvez os mais criativos (?), serão
impiedosamente esmagados pela máquina de triturar do
capitalismo, com as roupagens de hoje, através da
chantagem do emprego precário.
Também é um sofrimento, evidentemente, como pai de
três jovens (com 22, 14 e 12 anos), que partilharão
necessariamente as agruras da selvajaria de mercado,
com os restantes da sua geração (e com os mais
velhos).

Como revolucionário que participou anonimamente no «25
de Abril», apesar de derrotado (uma revolução que fica
a meio caminho transforma-se sempre em
contra-revolução), nunca me deixei adormecer no
conforto relativo de uma situação «estabilizada» e
posso dizer que sinto enorme frustração/sofrimento:
pensar que fizemos tantos esforços para derrubar o
fascismo, para erguer um regime democrático e tentar
dar corpo ao nosso sonho de um socialismo
auto-gestionário... para chegarmos a «isto»...

Pois temos de aprender com as nossas próprias
experiências e com as dos outros.

Temos de fazer vingar uma organização horizontal,
flexível, democrática, com um modo assembleário de
tomada de decisão, descentralizada, capaz de
impulsionar as lutas onde elas surjam e de as
sustentar, divulgar em todo o lado.

A luta contra a precariedade começa na escola? Não,
ela começa em nós próprios. Temos de sacudir a canga
de indiferença, de conformismo, de medo, de cobardia e
pensar naquilo que está ao nosso alcance (ao meu, ao
teu ao nosso) fazer para mudar uma situação.
Porque a precariedade já assume o papel de maior
ameaça que paira sobre as cabeças das jovens gerações
e portanto, sobre a das gerações mais velhas também,
que olham para os jovens com amor e desespero ao
vê-los quase desarmados, enfrentar a pior crise, que o
capitalismo jamais fabricou.

Os profs precários são mantidos precários por vontade
deliberada do ME, porque é ele que tem feito com que
os lugares de quadros de zona sejam desviados do seu
objectivo louvável inicial, o que explica porque cada
novo ano lectivo haja cerca de 10% (é enorme!) dos
professores colocados no INÍCIO do ano lectivo que são
precários.
Isto significa que os quadros do ME são grosseiramente
calculados abaixo das necessidades REAIS do sistema de
ensino (cuja estimativa é fácil de fazer).
A mesma coisa se passa (ou pior ainda) com os
auxiliares de acção educativa e com técnicos
administrativos das escolas.
É preciso denunciar isto, com força.
É preciso explicar isto à sociedade civil em geral.

Mas apenas pela voz dos trabalhadores da educação
(docentes e não-docentes) apenas pelo seu discurso
directo se poderá compreender a dimensão humana desta
tragédia, a repercussão gravíssima que tem na escola,
na sua qualidade como um todo... por mais dedicados
que sejam os nossos colegas com vínculo precário.
Se uma turma fica meses a fio sem prof., a culpa é do
ME, não dos profs que desejam vir substituir um prof.
com doença prolongada, ou uma prof. em licença de
parto, ou outros casos.

A sociedade civil tem de compreender que o efeito da
precariedade na escola é multiplicador, embora seja
uma condição infelizmente banalizada na sociedade em
geral. Atrevo-me a considerar que na escola e na
saúde, essa precariedade torna-se criminosa, pois é um
ataque directo à qualidade dos referidos sistemas. »


Manuel Baptista (a título individual)
Colectivo Anti-Autoritário e Anti-Capitalista
de Luta de Classes, baseado em Portugal
www.luta-social.org

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Recibos verdes nos CNO's: Governo com 3 visões distintas! (via FERVE)

A TSF emitiu uma grande reportagem intitulada "A Escola da Vida", sobre os Centros Novas Oportunidades (CNO's).

Entre outros assuntos, foi abordado o facto de uma maioria dos/as trabalhadores/as dos CNO's desenvolverem a sua actividade profissional a recibo verde.

Para estupefacção do FERVE - Fartos/as d'Estes Recibos Verdes constata-se que:

Vieira da Silva, Ministro do Trabalho, afirma que não tem informação de que a maioria das pessoas trabalhem a recibos verdes.

Maria de Lurdes Rodrigues, Ministra da Educação, refere que a situação da contratação a recibos verdes existe e espera que se possa resolver, apesar de considerar que a situação não é fácil, motivo pelo qual não tem uma solução no bolso.

Clara Correia, presidente da Agência Nacional para a Qualificação, considera que trabalhar a recibo verde não é sinónimo de precariedade.

Perante a gravidade e incongruência destas afirmações, o FERVE considera urgente que sejam solicitados esclarecimentos junto das entidades responsáveis.

Podem ouvir a reportagem AQUI


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Quem quer ser precário?


Vai ter lugar na próxima 5a feira, dia 28 de Fevereiro às 16h30m, um primeiro debate sobre precariedade no trabalho na Escola Superior de Comunicação Social. @s Precári@s INflexíveis promovem, ou participam na promoção, de um ciclo de debates sobre precariedade. Já estão na calha debates em mais algumas escolas.

MayDay!! MayDay!!

“O precariado rebela-se!”. Com este grito se juntaram centenas de pessoas no último 1º Maio para dizer que estão fartas da vida na corda bamba, da intermitência, do recibo verde, de ser chamado “ilegal” por ser explorad@ num país diferente daquele em que se nasceu, da incerteza e da chantagem no trabalho e na vida de todos os dias. Gente que está farta da precariedade. E que não acredita que ela seja a única alternativa e, por isso, vai fazendo o contrário daquilo que está escrito no guião dos senhores do mundo: grita, pensa, esperneia, reflecte, junta gente e responde com a energia e a imaginação d@s explorad@s. Fintar o cinzentismo dos dias que nos impingem fez-nos desfilar na primeira parada precária por estas paragens. Porque valeu a pena e porque há mais gente para a fazer, o MayDay Lisboa está de volta.

E o MayDay Lisboa 2008 já está aí!

A campanha “Certificação de Precariedade”, para marcar as empresas que lucram com as nossas vidas, arrancou e será para continuar.

As Assembleias MayDay, onde nos juntamos para preparar actividades e o dia da parada, já começaram e juntam cada vez mais gente.

No MayDay Lisboa cabe toda a gente que não aceita uma vida precária. O Mayday é o 1º de Maio d@s Precári@s, um desfile internacional de trabalhadores a recibo verde e sem direitos, desempregados, bolseiros, estagiários, imigrantes, intermitentes do espectáculo, estudantes-trabalhadores…tod@s @s que têm vidas a prazo e mesmo assim fazem pela vida, lutam e cantam e gritam.

Já não dá para ficar calad@!

Tiago Gillot


Um difuso precariado


A recente tomada de posição da Associação para o Desenvolvimento Económico e Social sobre a situação do país não traz nada de novo, faz antes eco das muitas coisas que se tinham vindo a dizer nos últimos anos. Pior do que isso, não toca na questão do precariado crescente, que aumenta de forma "corrosiva" esse tal "difuso mal estar" da nosso tecido social.

Importa fazer alguns esclarecimentos, nunca de somenos, numa altura em que o próprio precariado representa uma alternativa dinâmica e positiva dos movimentos sociais que não se encontram representados de forma conveniente na estrutura social de hoje, coisa aliás que não é nova e que o texto da SEDES vem ampliar.

Voltamos a dar a tónica que os responsáveis públicos que têm assumido os papeis decisórios no país são os maiores responsáveis pela situação que vivemos. São eles os executores da falta de liberdade, transparência e geradores de "amiguismo" e corrupção. Afinando pelo mesmo tom, o tecido económico segue-lhes o exemplo, com patrões cada vez mais insensíveis aos direitos sociais dos trabalhadores e onde a arrogância se junta à ganância e ao "posso, quero e mando". A moda é perseguir os trabalhadores, mais ou menos qualificados, e torná-los bode expiatório de um sistema montado para falhar, apenas, unicamente, para aumentar a precariedade como alavanca para o crescimento dos lucros de poucos.

Voltamos a referir que há cada vez mais precariedade com os "falsos recibos verdes" e outras formas de contratação precária. Defende-se a economia, a empresa e o empreendorismo empresarial passando para última prioridade as pessoas. O resultado óbvio é a degradação das condições da maioria e o aumento colossal dos dividendos recebidos por gestores, administradores e accionistas.

Chamamos a atenção para o facto de as instituições do Estado fazerem "ouvidos de mercador" na relação com uma juventude cada vez mais desmotivada a participar na causa pública. O afastamento dos jovens e da população em geral dos centros de decisão, do poder público, gera a desmotivação e desacreditação em qualquer mudança. Por isso, é absolutamente lógico a crescente onda de emigração de quadros formados. Esta é uma realidade que ninguém ousa discutir e este facto é talvez dos mais curiosos quando tanto se fala de modelo de financiamento do ensino superior e de autonomia das faculdades.

Portugal é o país onde alguns nem se dão ao trabalho de cumprir a lei, sabem que não lhes afecta. Outros, conhecem sobejamente o rigor dos tribunais ou das finanças. Há dois pesos, e duas medidas. Um tecido social, cada vez mais individualizado, porque afastado dos colegas em relações de trabalho e de vida de curta duração. Um tecido social desmotivado e descrente na mudança porque se sente longe de poder influenciar o que quer que seja da sua própria vida.

Mas uma coisa é certa, o MAYDAY tem sido um dos exemplos de um debate aberto, plural e dinâmico que gera mudança e sobretudo retoma a esperança numa sociedade melhor. E não apenas pelas mãos do MAYDAY, mas de muitas outras pessoas, alguns dos decisores responsáveis mais arrogantes que tivemos, foram obrigados a recuar pela força da razão, da união e da força da opinião e capacidade de organização.

Este é o MAYDAY que queremos e que teremos.
André Soares e Rui Maia

domingo, 24 de fevereiro de 2008


MayDay Lisboa 2008 :: O precariado anda a juntar-se por aqui!


No passado dia 21/02 teve lugar mais uma Assembleia MayDay Lisboa 2008, num espaço da Cooperativa Cultural Crew Hassan.


Várias dezenas de pessoas apareceram e acrescentaram ideias e energia para a parada precária deste ano, bem como para um percurso de crescimento e de visibilidade até lá!



A próxima Assembleia acontecerá no dia 6 de Março na Crew-Hassan e vai precisar da tua presença!


O precariado rebela-se!!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

21 Fev - 5.ªf :: CrewHassan* :: 20h00 Jantar :: 21h30 - Assembleia

Para começar a pensar e discutir a Parada MayDay Lisboa 2008 aconteceu já a 1.ªAssembleia para a qual foram convidados tod@s @s que contribuiram para o MayDay 2007 e outr@s mais, desde novos movimentos de precári@s e de estudantes, movimentos pelo direito à habitação, associações de imigrantes, culturais, sindicatos...

Nesta assembleia verificou-se que há pessoas e vontades e ideias, muitas ideias, e também um objectivo em comum: construir um percurso de acções, eventos, debates, festa e concerto que culmine no 1.º de Maio com a parada alternativa de precári@s - MayDayLisboa2008 - e deste modo conseguir juntar pessoas, desde precários a desempregados, estudantes a imigrantes, etc., convocando o MayDay e contestando já a precariedade, dando-lhe visibilidade ou denunciando patrões e leis.

O MayDayLisboa2008 já começou! A acção stencil - Certificação de Precariedade - que aconteceu na passada noite de 13 de Fevereiro foi decidida na 1.ª assembleia e é apenas um início, e um exemplos das coisas que poderemos pensar e fazer!
Achámos por bem começar de vez a despir a pele de cordeiro que vestem as empresas e os patrões que se arrogam como os grandes empregadores mas que são no fundo os grandes directores e centros da precariedade, os que se alimentam das nossas vidas tornando-as também precárias. Vê o filme em:

Precisamos então de nos organizar, discutir propostas, agendar coisas, construir o MayDayLisboa2008. E contamos contigo!
Tod@s à Crewhassan - começaremos com um delicioso jantar vegetariano a um preço precário - 4€ - e depois reunimos!
A confirmação do jantar tem que ser feita até 3.ªf (dia 19 fev), sem falta!
*Rua das Portas de Santo Antão, 159, 1.º (rua do Coliseu).

--
O precariado rebela-se!!!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Campanha "Certificado de Precariedade"

:: Acção :: stencil's contra a precariedade ::




O grupo de preparação do Mayday Lisboa 2008 faz hoje o lançamento oficial do Certificado de Precariedade (CP), a ser atribuído a partir de agora às empresas e organismos do Estado que mais se distinguirem anualmente na promoção da precariedade laboral em Portugal.

Condições de candidatura:
Mantém trabalhadores indevidamente a recibos verdes? Não renova contratos a “colaboradoras” grávidas? Esquece-se do direito às férias ou dos subsídios de Natal e de Férias? Gosta de saber que os trabalhadores da sua empresa não têm direito ao subsídio de desemprego? Deixa o pagamento da Segurança Social por conta dos precários que explora na sua empresa? Não tem “folgas” no seu dicionário? PARABÉNS! Se respondeu sim a alguma destas perguntas, pode candidatar-se já ao Certificado de Precariedade!
Estas são imagens recentes de apenas algumas das instituições em causa, já (con)decoradas com o Certificado de Precariedade!

O PRECARIADO REBELA-SE!!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O PRECARIADO REBELA-SE

* No primeiro de Maio, que é o feriado mundial dos trabalhadores, realizam-se por toda a Europa as paradas MayDay. Essas iniciativas são manifestações de visibilidade do trabalho sem voz: os precários de todo o tipo.
* A primeira parada MayDay de Lisboa é uma festa rebelde que junta operadores de call center, imigrantes, bolseiros, intermitentes do espectáculo e do audiovisual,estagiários, desempregados e contratados a prazo, estudantes- (já/ainda/quase) -trabalhadores, etc…

* A precariedade invade todas as áreas da vida e é mais completa entre os mais novos. Sair de casa dos pais, aguentar uma renda ou um empréstimo, são coisas simples que se transformam em grandes riscos. O trabalho precário nem sempre é pago. É quase sempre mal pago. O patrão que emprega raramente é o que contrata: as empresas de trabalho temporário
multiplicam-se, crescem e exibem lucros milionários. Nelas, o salário é mais curto, o contrato pode acabar sem aviso e nem sempre deixando subsídio de desemprego.

* No MayDay, desfilaremos contra a exploração, contra o emagrecimento dos apoios sociais e à habitação, pelo direito a trabalhar sem chantagem e a um mínimo de independência e conforto. Ninguém quer passar o resto da vida a pensar como pagar a próxima conta e a fazer malabarismos com três trabalhos precários.

Precárias e precários, todos ao MAYDAY!